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30 Nov -0001
Diagnóstico Laboratorial da Pancreatite

 

A Pancreatite é uma doença de etiologia multifatorial caracterizada por reações inflamatórias pancreáticas, com perda do parênquima pancreático e substituição do tecido funcional por tecido fibrótico.
Normalmente, o pâncreas secreta enzimas inativas para o intestino delgado, onde serão ativadas durante o processo da digestão. A pancreatite se desenvolve quando as enzima inativas tornam-se ativas no próprio pâncreas. Resultado: o pâncreas começa a lesar o próprio órgão.
Não há predileção por idade ou sexo. A forma aguda é a mais freqüente em cães, sendo Yorkshire e Schnauzer miniatura as raças mais predisponentes devido ao metabolismo de carboidratos deficiente.
 
Dentre as principais causas de pancreatite podem ser citadas:
•          Obstrutiva (neoplasias, verminoses – Ascaris);
•          Fármacos e toxinas (corticóides, azatiotropina, tetraciclina, furosemida, sulfas, inseticidas, veneno escorpiônico, organofosforados);
•          Traumática (trauma direto, iatrogênico – manipulação / cirurgia de estruturas adjacentes);
•          Infecciosa (Leptospirose, ascaridíase);
•          Vasculares (isquemias e vasculite);
•          Metabólica (dietas hipercalóricas);
•          Idiopática (a mais comum).
 
Particularmente em felinos, devido ao desenvolvimento embriológico diferenciado do pâncreas e sua contiguidade com o ducto biliar, há a predisposição dessa espécie a enfermidades associadas a demais sítios anátomo-fisiológicos, o que caracteriza a tríade felina (acometimento pancreático, hepato-biliar e intestinal).
 
 SINAIS E SINTOMAS
 
São extremamente variáveis em função do momento e grau de comprometimento, além de serem inespecíficos:
•          Vômito;
•          Anorexia;
•          Prostração;
•          Dores abdominais (abdômen agudo);
•          Hipertermia;
•          Diarréia;
•          Poliúria;
•          Choque.
 
ENZIMOLOGIA
 
Amilase
A  Amilase está presente em vários tecidos (glândulas salivares, cérebro, pulmão), mas em maior quantidade no pâncreas e duodeno. O cão não possui amilase nas glândulas salivares, embora outras espécies a possuam. A avaliação dos níveis séricos da amilase tem grande utilidade clínica no diagnóstico das doenças do pâncreas e na investigação da função pancreática. Na pancreatite aguda, os níveis de amilase podem alcançar valores de quatro a seis vezes o limite superior de referência, elevando-se em 2 a 12 horas e retornando a níveis normais em 3 a 4 dias. A magnitude da elevação da amilase não se correlaciona com a gravidade da lesão pancreática. Cerca de 20% dos casos de pancreatite aguda podem cursar com valores normais de amilase. Por isso, a dosagem concomitante dos níveis de lipase é importante, permitindo o diagnóstico desses casos.
Grande parte da amilase sanguínea é removida do organismo pela filtração renal e eliminada pela urina, portanto uma das causas prováveis de hiperamilasemia é a diminuição da filtração glomerular.
 
Lipase
A lipase é uma enzima que é produzida pelo pâncreas. Sua principal função é aumentar a taxa de várias reações químicas que ocorrem no nosso corpo, como aquelas que envolvem a digestão dos alimentos. Esta enzima é particularmente utilizada para quebrar as matérias gordas em moléculas menores de ácidos graxos. As principais causas de elevação da lipase são as Pancreatites - uma condição de inflamação do pâncreas. Como resultado, os tecidos que formam o pâncreas tornam-se permeáveis e grande quantidade de enzimas lipase são liberadas na corrente sangüínea. Na maioria dos casos de pancreatite aguda, verificou-se que os níveis de lipase na pancreatite é quase 3 vezes superior ao normal. Obstrução do ducto pancreático: Isso pode acontecer devido ao crescimento do tumor no pâncreas ou de estômago ou câncer de pâncreas. Outras condições como cálculos biliares ou edema podem também causar obstrução no pâncreas. Este tipo de obstrução coloca alguma pressão extra no interior do ducto que obriga a liberação da lipase na corrente sanguínea.
Outras causas: A elevação da lipase pode ser um sintoma de outra doença subjacente, como a infecção da vesícula biliar, insuficiência renal, obesidade dentre outros. Efeitos colaterais de alguns medicamentos também podem levar ao aumento dos níveis de lipase.
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 
O diagnóstico laboratorial envolve a mensuração dos níveis séricos de enzimas organo-específicas, sendo a doença caracterizada pelo aumento nos níveis de Lipase e Amilase. Porém, apesar de bastante sensível, a metodologia tradicional possui especificidade variável, podendo sofrer alterações apenas quando o quadro já está avançado. Devido a este fato e à ausência de sinais clínicos específicos é que se desenvolveu um ensaio qualitativo baseado em ELISA para a mensuração da Lipase específica de pâncreas de caninos e felinos, denominado LIPASE IMUNO-REATIVA. Tal método permite que clínicos veterinários tenham um diagnóstico imediato (em apenas 12-24 horas do início da doença) e muito específico, fornecendo uma informação precisa e rápida para que as medidas terapêuticas possam ser instituídas em tempo hábil.
O material a ser utilizado para a realização desse exame é o sangue total ou soro em tubo de tampa vermelha (sem anticoagulante). Recomenda-se o volume mínimo de 3,0 ml de sangue ou 1,0 ml de soro e o armazenamento sob refrigeração entre 2 e 8º C, por período máximo de 72 horas.


Fonte: Tecsa Laboratório